Magnatas farmacêuticos brasileiros constroem cidade tecnológica para quebrar ciclo de pobreza


No verdejante estado brasileiro do Paraná, onde vastas terras agrícolas se encontram com centros de inovação emergentes, está a desenrolar-se uma história convincente de auto-sucesso e de doações propositadas.

Nascido em 1955, numa família de agricultores em dificuldades no Rio Grande do Sul (descendentes de imigrantes europeus do século XIX), Luiz Donaduzzi personificava a crença inabalável de seu pai, Aldemar, de que a educação poderia desmantelar a pobreza geracional.

Em meio às dificuldades econômicas, Aldemar priorizou a educação e levou Luiz a obter a graduação em farmácia e bioquímica pela Universidade Estadual de Maringá e o doutorado em biotecnologia na França.

Lá, Luiz reencontrou Carmen, sua eventual esposa desde 1976. Sua jornada começou modestamente em Pernambuco, preparando chás de ervas em casa antes de elaborar remédios simples, como pastas para a pele.

Atraídos pelos incentivos paranaenses aos criadores de empregos (recompensas à iniciativa privada), fundaram a Prati-Donaduzzi em Toledo em 1993.

Começando com maquinário improvisado em uma pequena instalação, a empresa capitalizou o boom dos genéricos no Brasil e cresceu até se tornar a maior do país em volume: 17 bilhões de doses por ano, mais de 5.000 funcionários, R$ 2,4 bilhões (US$ 440 milhões) em receita em 2024 e prevê R$ 4 bilhões até 2027.

Magnatas farmacêuticos brasileiros constroem cidade tecnológica para quebrar ciclo de pobreza
Magnatas farmacêuticos brasileiros constroem cidade tecnológica para quebrar ciclo de pobreza

Magnatas farmacêuticos brasileiros constroem cidade tecnológica para quebrar ciclo de pobreza

Avaliada em 8 bilhões de reais, continua sendo propriedade familiar e evita vendas ou listagem pública por ser considerada “venda para crianças”.

Ao se aposentarem das operações diárias em 2016, os Donaduzzi rejeitaram a acumulação ociosa de riqueza, considerando “escandaloso” acumulá-la para herdeiros.

Em vez disso, investiram mais de 500 milhões de reais no Bioparque, um enclave privado de tecnologia e educação de 5 milhões de metros quadrados perto de Toledo, inspirado na Sophia Antipolis da França, que gerou 40 mil empregos de investigação.

Livre de subsídios estatais (o que realça os perigos das dependências burocráticas), esta mini-cidade planeia albergar 75 mil pessoas e gerar 30 mil empregos através de novas empresas e laboratórios.

No seu cerne está a educação revolucionária, resgatando crianças “problemáticas” das escolas públicas obsoletas e semelhantes a prisões do Brasil, sufocadas por modelos rígidos e de cima para baixo, muitas vezes ligados a legados socialistas.

Os programas gratuitos do Bioparque estimulam a criatividade: as crianças inventam foguetes, cadeiras de rodas elétricas e soluções para pragas agrícolas.

Os elos universitários oferecem cursos de inteligência artificial, biotecnologia e ciência de dados, com bolsas que totalizam um bilhão de reais para famílias de baixa renda. Seus filhos, Victor e Sara, mantêm esse legado de trabalho árduo e inovação.

Para quem está de fora, isto revela o potencial inexplorado do Brasil: como os princípios conservadores da motivação pessoal e da filantropia privada podem eclipsar as ineficiências do governo, promovendo uma verdadeira elevação numa terra de contrastes.

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António César de Andrade

Apaixonado por tecnologia e inovação, traz notícias do seguimento que atua com paixão há mais de 15 anos.