Será que acabou o tempo de jogar apenas para desfrutar de algumas horas de lazer? Uma nova onda está tomando conta da indústria de games: é a lógica do “play to earn”, que mistura tecnologias como blockchain, NFTs e criptomoedas para conseguir novos usuários e onde os desafios superados no jogo valem remuneração de verdade.

Em uma fala recente do CEO da Electronic Arts, uma gigante do mercado de games, Andrew Wilson afirma que essa relação mais estreita entre os NFTs e os jogos definirão o futuro dessa indústria, embora ainda seja cedo para dizer como isso funcionará.

NFTs: uma nova revolução tecnológica

Para quem ainda não conhece o termo, NFTs referem-se a tokens não fungíveis. Nada mais são do que uma espécie de certificado digital, estabelecido via blockchain, que define a originalidade e a exclusividade de bens digitais.

Uma vez atrelado a um item digital qualquer (jogo, imagem, foto, vídeo, música, mensagem, postagem em rede social, etc.), os NFTs fazem desse item único perante o mundo. Isso consequentemente gera escassez em torno do item e abre espaço para que um mercado de negociações apareça, envolvendo colecionadores e investidores interessados em investir dinheiro na aquisição de obras e ativos digitais.

O uso de NFTs para vender arte digital vem produzindo milhões de dólares e tem levado inúmeros desenvolvedores a apostarem seu potencial no universo dos games, criando chances reais de se conseguir dinheiro jogando.

Não é mais apenas um videogame

Um dos cases mais notórios neste sentido é o Axie Infinity, um jogo online que traz elementos de trading card com batalhas por turnos. O conceito por trás deste jogo é semelhante ao Pokémon, onde os jogadores coletam, criam, batalham e trocam criaturas digitais, monstrinhos chamados Axies.

Conforme vence no jogo, você vai acumulando Axies, que é um NFT baseado no Ethereum, uma rede de blockchain lançada em 2015. Segundo os últimos levantamentos, fazer parte dessa lucrativa brincadeira pode te render cerca de US$ 400 por mês.

Em junho deste ano, o Axie Infinity ganhou popularidade nas Filipinas por conta das postagens de vários jogadores exibindo suas conquistas, como a compra de uma nova casa, graças aos ganhos com o jogo.

Uma particularidade destes jogos baseados em NFT é que, diferentemente da maioria dos videogames em que você normalmente precisa comprar uma cópia para começar a jogar, eles geralmente são gratuitos para download. Mas, para começar a jogar, você precisa comprar NFTs.

A cada conquista nova, você pode usar suas criptomoedas acumuladas para comprar mais itens do jogo ou sacá-los e convertê-los em moeda local. Todo o ecossistema envolvido ganha: quem joga, quem desenvolve o game e a empresa criadora da plataforma.

Diversão que virou trabalho

No final das contas, jogar atrelado às negociações em NFTs tem de ser encarado como um investimento, com seus riscos e oscilações. Os ativos NFT do jogo são valiosos apenas enquanto houver interesse neles. Se o jogo perder popularidade e, consequentemente, for encerrado, você corre o risco de perder todo o seu investimento.

Outro clássico exemplo de sucesso de NFT com os gamers é o jogo CryptoKitties, um game de comércio digital atrelado à criptomoeda Ethereum. Basicamente, o jogo consiste em um grande mercado digital em que os jogadores comercializam gatinhos digitais associados as NFTs.

Ganhar dinheiro jogando videogame é uma ideia tão atraente que não param de aparecer modelos para oferecer ao público oportunidades tentadoras. A própria crise da Covid-19 abriu espaço para isso: com o desemprego e a perda de renda geral no planeta, muitos jogadores viram neste tipo de jogo a chance de uma receita extra.

Hoje, já há um mercado enorme de jogadores profissionais que suplantaram a questão do entretenimento para o ganho financeiro e vivem disso.