É uma opinião impopular, mas gostei dos pequenos monólogos internos que Samus tinha em Metroid Fusion. Seus pensamentos baseados em texto foram espalhados por todo o jogo, fornecendo uma visão sobre seu estado mental e emocional. Dado que Metroid Dread segue os passos de Fusion, concluindo a história de Samus com um jogo cinematográfico e narrativo, eu esperava que a víssemos compartilhar seus pensamentos conosco novamente. Mas não é esse o caso. Apesar de Dread ser sobre Samus, ela não tem voz na história do jogo, e é uma omissão perceptível.
Metroid Dread spoilers à frente.
Admitidamente, sim, Samus fala em Dread. Eu sei que ela literalmente tem voz na história do jogo. E é uma linha muito legal. Mas se você vai trazer uma dubladora para Samus e fazê-la falar, por que não fazer mais de uma vez? Dado o que acontece com Samus ao longo de Dread e o que ela aprende sobre si mesma e seu passado, é estranho que a única pessoa que não tem nada a dizer sobre quem ela é seja a própria Samus.
E não estou dizendo que Dread deveria ter dado a ela monólogos prolixos, como ela fez em Metroid: Other M. Eu acho que Fusion acertou a fórmula – nos momentos de silêncio entre os cenários de alta ação, Samus pensava sobre o que havia acontecido com ela ou o que ela acabara de aprender, normalmente relacionando as informações com seu passado. Isso nos deu uma visão de como Samus se tornou a mulher que é e nos informou sobre suas motivações e moral. Esses monólogos nos apresentaram à personalidade séria de Samus, ao mesmo tempo que revelaram que ela era capaz de ser movida por emoções como o medo. Apesar de ser um caçador de recompensas fodão, Samus ainda era humano.
Ao longo de Dread, Samus descobre revelações surpreendentes, e eu teria adorado saber suas reações a algumas delas. Logo no início, Samus descobre que os números de identificação para cada EMMI correspondem às habilidades de seu Power Suit, o que implica que a Federação está construindo robôs quase indestrutíveis que são capazes do que ela faz e podem perseguir um alvo com foco implacável – o que parece muito com o SA-X. Além disso, ela descobre que os Chozo (a raça que a criou) não estão extintos. O mesmo vale para os parasitas X que ela tentou destruir no Fusion.
E o mais surpreendente (e intrigante) de tudo, não apenas Samus descobre quem é seu “pai” Chozo, mas ela descobre que seu DNA Metroid está começando a ultrapassar seu DNA humano, transformando-a em um parasita sugador de energia.
Por tudo isso, Samus não diz nada. Ela só fala depois de ser informada de como os eventos ocorreram para trazê-la ao planeta ZDR, dizendo a Quiet Robe que ela fará o trabalho não importa o que aconteça. Ela provavelmente tem pensamentos adicionais sobre o assunto, mas nunca chegamos a ouvi-los. É desconcertante – todo mundo tem uma opinião sobre quem é Samus e o que ela deve fazer. Dos quatro personagens falantes em Dread, Samus é o único que raramente fala. Adam, Quiet Robe e Raven Beak nunca param de falar, e nem é o jogo deles.
Parte de mim entende por que Samus não tem várias oportunidades de falar em Dread. Seguindo a reação de Other M, duvido que algum dia veremos Samus falando regularmente em um jogo novamente. Além disso, era apenas mais fácil incluir aqueles monólogos de elevador no Fusion, uma vez que o jogo é bastante linear e os desenvolvedores podem planejar quando os jogadores receberão outro monólogo de Samus. Mas o Dread regularmente canaliza o jogador para certas situações – é por isso que ele pode ter tantas cutscenes quanto tem. Portanto, não acho que teria sido impossível para os desenvolvedores MercurySteam e Nintendo EPD incorporarem mais dois ou três momentos da fala de Samus.
Apenas ter a chance de saber onde a cabeça de Samus está enquanto sua jornada chega ao fim teria sido uma ótima maneira de despachar a saga Metroid 2D. A maneira como Samus se move e luta, fica claro que ela está confiante e sabe o que está fazendo – evidente em como ela se emociona silenciosamente, mas com confiança. Mas fora de alguns momentos em que vemos os olhos de Samus se arregalarem em choque ou brilharem de raiva, ainda somos mantidos distantes do estado emocional e mental de Samus. Nunca temos uma ideia clara de por que ela está fazendo o que está fazendo. Seu objetivo é inicialmente escapar do planeta, e então ela se concentra na destruição do último dos X, antes de finalmente confrontar e buscar entender o que está acontecendo com ela em um nível biológico. Mas ela está confusa sobre como os Chozo ainda estão vivos? Ela teme as transformações horríveis em seu corpo? Não sabemos, e acho que obter alguns insights sobre os pensamentos de Samus teria apenas feito uma conclusão narrativa mais forte para essas décadas de narrativa.
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