A configuração de Vampire: The Masquerade – Shadows of New York, o segundo romance visual V: TM após Coteries of New York do ano passado, é irresistível. A protagonista, Julia, é uma vampira recém-transformada, cuja vida como jornalista investigativa freelance lutadora agora felizmente ficou para trás. Mas ao invés de viver uma existência glamorosa e excitante de vampiro, ela essencialmente se torna uma oficial de imigração glorificada, supervisionando o movimento dos vampiros dentro e fora de Nova York. É uma existência bastante monótona até que seu passado como jornalista lhe dê a oportunidade de chefiar uma investigação sobre o assassinato de um vampiro de alto nível em quarto trancado, e seu futuro na sociedade vampírica de Nova York dependerá de ela ser capaz de resolver o crime.
Na prática, Shadows of New York é menos excitante do que essa premissa indica. Sim, há um assassinato e Julia tem que resolvê-lo. Mas você, o jogador, mal está envolvido. Este é um romance visual de cinco horas com poucas opções e consequências significativas, e embora haja algumas diferenças e elementos únicos em diferentes jogadas, seu impacto na investigação é insignificante. Mas mesmo que seja leve na entrada do jogador, Shadows of New York é um romance visual divertido na maior parte, com um personagem central interessante, roteiro sólido e apresentação forte.
Shadows of New York é algo entre um spin-off independente e uma sequência direta de Coteries of New York. Julia e alguns outros personagens são novos, mas a maior parte do elenco principal vem diretamente daquele primeiro jogo, incluindo a vítima de assassinato. O impulso principal da história de Shadows of New York envolve o encontro com os quatro personagens que você pode escolher para servir no círculo titular do primeiro jogo, todos os quais têm alguma visão sobre o caso e o que aconteceu … mais ou menos. Na verdade, a investigação do assassinato nunca chega a ser um policial satisfatório – você passa a maior parte do tempo lendo texto projetado sobre fundos animados e retratos de personagens e, ocasionalmente, pode escolher o que Julie diz ou faz a seguir. No entanto, isso não leva a consequências significativas, com a maioria das revelações principais acontecendo bem perto do final. Nenhum deles é particularmente surpreendente.
Mas enquanto a trama do assassinato fracassa, Shadows of New York é mais bem-sucedida como uma história sobre uma jovem vampira que aceita o que quer para si mesma. Julie é uma personagem interessante, uma jovem com problemas de compromisso e um pavio curto, e um senso de moralidade e espiritualidade que se choca estranhamente com seu novo status de morto-vivo. Julie é uma figura relativamente complexa e, embora sejam poucas as escolhas que o jogador pode fazer por ela, conhecê-la melhor ao longo do jogo é recompensador. A escrita do jogo brilha melhor quando tenta desvendar o que está dentro da cabeça de Julie, e o roteiro faz um bom trabalho em equilibrar a personalidade de Julie com as escolhas que você pode fazer com ela, de forma que nenhuma escolha pareça totalmente fora do personagem.
O vampirismo de Julie é minimizado em comparação com o protagonista em Coteries. Às vezes, as opções que você terá levam os poderes dela em consideração – os vampiros neste mundo têm superforça, habilidades furtivas e alguns poderes hipnóticos – mas como a história se passa principalmente alguns meses depois que ela se transforma, você não Não vejo Julie chegando a um acordo com seus poderes da mesma forma que o protagonista do primeiro jogo fez. Seus poderes também não afetam a jogabilidade de uma forma significativa com frequência. Você pode tomar a decisão de se alimentar ocasionalmente, mas não é mais uma mecânica – no primeiro jogo, algumas opções seriam bloqueadas se você não mantivesse seu apetite para saciar o sangue, mas esse não é o caso de Shadows of Nova york. O vampirismo de Julia é mais importante para sua caracterização do que para as escolhas que você faz, mas ainda pode, às vezes, parecer uma reflexão tardia.
Em vários pontos, você poderá escolher qual história paralela irá e experimentará em seguida. Essas seções são em grande parte irrelevantes para o mistério geral do assassinato, mas podem apresentar alguns insights interessantes sobre a vida de Julie e a vibração da Nova York que ela habita. Isso significa que você não pode experimentar tudo em uma jogada, mas Shadows não se ramifica exatamente extensivamente – se você jogar o jogo duas vezes, poderá ver absolutamente tudo. Existem exatamente cinco escolhas que realmente importam para a história do jogo, ditando os “traços” que Julie possui, e o final que você obtém depende dos traços que Julie exibe nessas cinco opções de duas opções. Um final é muito mais satisfatório do que o outro, mas no final eu não senti que tivesse tido um impacto real nos eventos do jogo no final.
Shadows of New York se passa no início de 2020, e está claro que a pandemia de COVID-19 no mundo real afetou a escrita do jogo – os personagens começam a fazer referência a ele no meio do jogo e, no final, isso afeta diretamente a narrativa, como Julie descreve ruas vazias e personagens discutem o que isso significa para a cidade. Essa precisão do mundo real parece um pouco fora do lugar em uma história sobre um detetive de vampiros, e um dos finais do jogo contém um breve reconhecimento do fato de que o plano de um personagem não faz sentido à luz do que está acontecendo, mas certamente é interessante que o jogo não se esquiva da sombra muito real que pairou sobre Nova York (e grande parte do resto do mundo) este ano.
Este não é o único elemento do jogo que faz Shadows of New York parecer que foi escrito em um curto espaço de tempo. Embora o diálogo flua bem e pareça verdadeiro para cada personagem, e Julie e alguns outros personagens sejam bem desenvolvidos por meio do roteiro, muitas ideias e conceitos são apressados. Detalhes estranhos sobre os personagens são revelados casualmente e, em seguida, imediatamente descartados, e vários elementos sobrenaturais que são introduzidos não funcionam de nenhuma maneira interessante, como se tivessem sido esquecidos. O dicionário do jogo fornece definições completas de todos os termos específicos de vampiros e conhecimentos que os personagens usam em seus diálogos, o que é apreciado, mas isso também significa que o jogador está atolado em jargões do jogo que precisam ser mantidos em mente para entender totalmente o que está acontecendo. Shadows of New York obviamente pretende ser parte de um mundo e mitologia maiores de Vampire: The Masquerade, e se você não está familiarizado com esse mundo de RPG, parece que está perdendo algum contexto.
Shadows of New York aumentou dramaticamente a qualidade de seus fundos desde o primeiro jogo, com mais detalhes e elementos animados. Eles parecem excelentes e, embora haja muita repetição (e muitos locais retornando do jogo anterior), a arte forte e os designs de personagem excelentes e distintos ajudam a manter o jogo envolvente. A trilha sonora, composta pela artista polonesa Resina, também se destaca. É em partes lindas e ameaçadoras, e as faixas melancólicas e melancólicas que tocam sob todas as belas imagens do jogo definem o tom lindamente. A música é usada com grande efeito, definindo o tom e tornando mais fácil imaginar ações que estão sendo descritas no roteiro, mas não retratadas. Cada vez que carrego o jogo, antes de começar, aproveito o tremendo tema do título principal.
Não vá para Shadows of New York esperando um mistério escolha-sua-própria-aventura, não importa o quanto pareça com um. Este é um mergulho casual em outro mundo, um jogo com grandes ideias que não segue em frente, mas que permanece moderadamente atraente graças a uma escrita forte, personagens interessantes e arte deslumbrante. Está longe de ser a experiência definitiva de Vampiro: a Máscara, mas vale a pena passar pelo menos uma noite longa e escura com.
