Se você chegou até este texto, é muito provável que você passou por vários aplicativos e sistemas, navegou por suas interfaces e fez o uso de suas funcionalidades – seja para se divertir, estudar ou, simplesmente, para passar o tempo. Mas você já chegou a se perguntar como tudo isso foi possível? Como cada entrada desses programas e suas tomadas de decisão foram cuidadosamente calculadas para garantir que sua experiência fosse a mais fluida dentro do possível, sem muitos erros, bugs ou problemas?

Bom, tudo isso é possível por causa dos testes de software! Eles são os grandes responsáveis por garantir que os aplicativos, plataformas e sistemas recém-desenvolvidos ou alterados passem por testes e análises minuciosas antes de serem lançados no mercado. Com isso, os engenheiros de software podem se certificar de que possíveis falhas sejam corrigidas e que a experiência dos usuários não seja desagradável.

Sem os testes de software nos bastidores,  a tecnologia que temos hoje seria extremamente frustrante e, com toda a certeza, traria muitas dores de cabeça ao longo do dia. Os testes são imprescindíveis para garantir o aperfeiçoamento e a qualidade do produto final, impactando de maneira direta na confiabilidade e satisfação dos usuários. Neste artigo, vamos explorar o mundo dos testes de software e aprender mais sobre sua importância, seus diferentes tipos e desafios.

A importância dos testes de software na garantia de qualidade

Imagine a construção de uma casa sem a inspeção cuidadosa de cada material e estrutura para garantir sua confiança e confiabilidade. Os testes de software atuam como um inspetor de obras minucioso, que procura garantir que cada parte do edifício – no caso, o programa – esteja sólida e funcione como o esperado.

Mas muito mais do que certificar de que os softwares cumpram com os requisitos prometidos, os testes são uma etapa imprescindível do processo por vários outros motivos.

Corrigir defeitos e melhorar a qualidade

Para compreender a importância dos testes de software, basta pensar no quão frustrante seria o seu cotidiano se os dispositivos e sistemas tecnológicos que você usa ao longo do dia apresentassem bugs, falhas e experiências inconsistentes de maneira frequente.

Você acorda, pega o celular e vai verificar seus e-mails – e perde uns 2 minutos do dia esperando o app funcionar. Só de imaginar, já ficamos irritados. Os testes de software são realizados justamente para evitar esses episódios desagradáveis, garantindo que a experiência do usuário ocorra de acordo com o esperado e prometido pelos desenvolvedores.

Segurança

E a correção de possíveis erros e bugs não está relacionada apenas a erros de funcionalidade. Alguns defeitos podem ser tão graves a ponto de causar a perda de dados ou até mesmo o corrompimento de outras plataformas e sistemas integrados.

É por isso que essa análise minuciosa é tão importante no mundo do desenvolvimento de softwares.

Estabilidade

E ao testar exaustivamente todas as funcionalidades e cenários possíveis de um programa, os testes de software colaboram não só para elevar o nível de qualidade do produto final, mas também para garantir sua estabilidade, o que é essencial para sistemas que serão aplicados em serviços financeiros ou da área da saúde.

Sem contar, é claro, no aumento significativo da segurança desses sistemas, já que os testes são capazes de apontar seus aspectos de vulnerabilidade e pontos fracos antes que eles caiam nas mãos de indivíduos mal-intencionados.

Cumprir requisitos regulatórios

Outro fator que intensifica a importância dos testes de software está relacionado a questões burocráticas sérias, imprescindíveis para o lançamento de programas que serão utilizados em áreas que precisam de estabilidade.

No Brasil, um dos responsáveis por endossar as regulamentações é a Associação Brasileira de Empresas de Software (ABES).

A área financeira e da saúde são ótimos exemplos dos testes como requisitos regulatórios: se os usuários já ficam atordoados quando o app do banco cai por determinado período de tempo, imagine só o caos que não seria se o sistema do SUS ou de qualquer outro hospital deixasse de funcionar por algumas horas, não é mesmo?

Inovação

Além disso, os testes de software são ótimos aliados para promover a inovação no campo tecnológico, uma vez que são as ferramentas que possibilitam aos engenheiros de software a identificação de novos caminhos e experimentos.

Com isso, eles investem com mais confiança no ramo e acrescentam cada vez mais produtos de qualidade ao mercado.

Tipos de testes de software

Tipos de testes de software

A área de testes de software é muito abrangente, justamente pela quantidade infinita de programas e sistemas que são desenvolvidos com o passar dos anos. Os programas ficam cada vez mais complexos e cheios de camadas, o que torna necessária a adaptação de técnicas e ferramentas desses testes, para que eles sejam realizados da forma mais eficiente e confiável possível. Existem 10 principais tipos de teste de software:

Teste de unidade

Testa unidades individuais do código – como funções, métodos ou classes – de maneira isolada, para garantir que funcionam conforme o esperado e estejam integradas corretamente no sistema.

Teste de integração

Verifica se as diferentes unidades do código estão integradas e funcionam corretamente quando são combinadas para formar componentes maiores do software. De forma resumida, os testes de integração identificam problemas oriundos da interação entre essas unidades.

Teste de sistema:

Avalia o software como um todo para verificar suas funcionalidades e pontos a serem melhorados.

Teste de aceitação do usuário (UAT)

Conduzido pelos usuários finais ou representantes do cliente para verificar se o sistema desenvolvido atende aos requisitos do usuário e se está pronto para ser implantado no ambiente de produção.

Teste de regressão

Após identificar falhas e fazer alterações no programa, como a adição de novas funcionalidades, o teste de regressão é realizado com o objetivo de garantir que as mudanças feitas não afetem negativamente as funcionalidades já existentes.

Teste de desempenho

Avalia o desempenho do software em diferentes cenários e condições, como carga de usuários, volume de dados e tempo de resposta, para garantir que ele atenda aos requisitos de desempenho. Esse teste é extremamente importante para sistemas financeiros ou de saúde, que podem enfrentar sobrecargas e devem continuar estáveis.

Teste de segurança

Aplicado para identificar vulnerabilidades de segurança e verificar o nível de proteção do programa contra possíveis ameaças e ataques. É considerado um dos mais importantes na atualidade, já que o debate sobre a segurança de dados tem se tornado cada vez mais amplo – tanto que foram criadas legislações como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil e a General Data Protection Regulation (GDPR) na União Europeia.

Teste de usabilidade

Foca na experiência do usuário. É aplicado para garantir a fluidez de uso das interfaces do sistema. Ele deve levar em conta o comportamento dos clientes e as suas possibilidades de interação com o programa.

Teste de compatibilidade

Realizado para verificar se o software funciona bem em diferentes plataformas e dispositivos. Além disso, ele também é aplicado para certificar se não há problemas de incompatibilidade com sistemas e aplicativos integrados.

Teste de estresse

O teste de estresse de software avalia o comportamento do sistema após submetê-lo a contextos extremos, que o levem ao limite. Dessa forma, é possível medir até onde ele consegue ser exigido e se ele suporta o volume esperado de dados.

Principais estratégias de testes de software

Como falamos, os testes de software não são todos iguais e, para isso, é necessário aplicar diferentes técnicas e ferramentas para que eles tenham sucesso na identificação de falhas. Inclusive, são os problemas esperados em determinados softwares que podem ditar quais estratégias serão utilizadas.

As principais delas são a caixa-branca, caixa-preta, caixa-cinza e os testes não-funcionais:

Teste Caixa-branca

Teste Caixa-branca

Aplicada na testagem de códigos-fonte com o objetivo de analisar a lógica interna do software e a cobertura do código, ou seja: o fluxo de dados, caminhos lógicos e ciclos. Para que tenha sucesso em sua aplicação, o teste de caixa-branca deve ser aplicado por alguém que conheça as informações do código de maneira plena, sabendo como ele é implementado, quais algoritmos são usados e as condições de decisão.

Esse tipo de teste busca garantir que todas as declarações e ramificações do sistema sejam executadas conforme o esperado. 

Teste Caixa-preta

Teste Caixa-preta

O teste de caixa-preta, o engenheiro que irá realizar a testagem não tem conhecimento sobre o código-fonte do sistema. É como se ele fosse o usuário e, por isso, os testes se baseiam apenas nos requisitos e especificações que o software promete.

Ele não leva em consideração questões como implementação e algoritmos, mas sim como o software se comporta e executa os comandos esperados.

Teste Caixa-cinza

Teste Caixa-cinza

O Teste de Caixa Cinza é uma técnica de teste de software que combina aspectos do teste de Caixa Preta e do teste de Caixa Branca. O testador tem conhecimento parcial da estrutura interna, incluindo algoritmos e estruturas de dados, para projetar casos de teste.

Essa abordagem é especialmente útil para detectar erros específicos de contexto em sistemas da web, onde o programa é como uma caixa semitransparente, permitindo ao testador enxergar parcialmente seu funcionamento.

Como é realizado o processo dos testes de software?

Como é realizado o processo dos testes de software

Também chamado de ‘Ciclo de Vida’ dos testes, o processo para realizá-los é composto por diversas etapas, cada uma delas com sua devida importância para o êxito da testagem e, consequentemente, do produto final. Elas são divididas em Planejamento, Preparação, Especificação, Execução e Entrega:

  • Planejamento: fase em que os engenheiros desenvolvem a estratégia e o plano de teste, um documento que servirá como um guia detalhado para a equipe que realizará a testagem, com as definições de escopo, objetivos, atividades, recursos e cronogramas.
  • Preparação: etapa em que os aparelhos e a equipe de testagem são preparados. Além disso, é o momento de verificar se o ambiente para o teste é o ideal.
  • Especificação: fase que envolve a elaboração detalhada dos casos de teste com base nos requisitos do software. Cada caso deve descrever o cenário, as ações que serão executadas, as entradas esperadas e os critérios de aprovação.
  • Execução: A equipe executa os casos de teste e registra os resultados.
  • Entrega: Finalização do ciclo de vida e arquivamento dos registros.

Vale lembrar que, dependendo do teste escolhido pela equipe, essas fases podem se repetir exaustivamente e serem refinadas ao longo do processo, em especial após a finalização das primeiras versões desses sistemas. Tudo isso é feito para garantir que o software esteja de acordo com os requisitos de qualidade e funcionalidade antes de ser lançado no mercado.

Diferença entre teste e depuração de software

Diferença entre teste e depuração de software

Uma das dúvidas mais comuns na área do desenvolvimento de sistemas está relacionada à diferença entre o teste e a depuração de software. Até o nome de depuração em inglês (debugging) colabora para isso, uma vez que os testes também são responsáveis por solucionar bugs e falhas nos sistemas.

Essas duas atividades, apesar de distintas, têm um objetivo em comum: melhorar a qualidade dos sistemas desenvolvidos. A depuração e o teste de software são etapas complementares, que têm sua devida importância para que o produto final seja de qualidade e se destaque no mercado.

O teste de software submete o produto a uma variedade de cenários e casos de uso para verificar se ele está funcionando conforme o esperado e se atende aos requisitos propostos pelos desenvolvedores. Com os testes, os engenheiros de software buscam identificar defeitos e falhas no sistema antes que ele seja lançado ao público.

Geralmente, os testes são realizados por engenheiros que não estiveram envolvidos de maneira direta na sua criação, para que a avaliação do produto seja eficiente e objetiva. Além disso, os testes de software podem ser aplicados em qualquer etapa do processo, como vimos anteriormente, com o objetivo de garantir a qualidade do produto final.

O teste é uma prática mais ampla, que abrange a avaliação do software de forma mais generalizada em busca de problemas.

Já a depuração de softwares é um processo de identificação de erros no código-fonte do software, que ocorre após o surgimento de bugs, falhas e defeitos no sistema ao longo dos testes realizados. Quando surgem esses problemas, os desenvolvedores usam uma série de ferramentas e técnicas especiais da depuração para chegar até a causa raiz dessas falhas e corrigi-la de maneira pontual. A depuração é uma prática mais específica, que complementa as etapas de teste nos “bastidores”.

Considerando a complexidade cada vez maior dos sistemas e o ritmo acelerado do desenvolvimento tecnológico, os testes de software são essenciais para que os programas, plataformas e aplicativos que usamos diariamente estejam sempre atendendo às nossas demandas e agregando mais funcionalidades.